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Big wave surfing by Lourenço Katzenstein 

Paulo Nunes de Abreu (CPF) • February 10, 2019

Como um desporto aparentemente individual depende tanto de um grupo

O Canhão da Nazaré é um desfiladeiro submarino considerado por muitos o maior da Europa , numa extensão de cerca de 211 km começando a uma profundidade de 50 metros até à planície abissal Ibérica onde atinge profundidades na ordem dos 5 000 metros.

O Canhão de Nazaré funciona como um polarizador de ondulações e gerar ondas que conseguem viajar a uma velocidade muito maior pela falha geológica. A Praia do Norte, na imagem, apresenta consistentemente ondas significativamente maiores do que o restante da costa portuguesa e é um spot de Big Wave Surfingmundialmente conhecido.

Em janeiro de 2018, Hugo Vau poderia ter quebrado um recorde mundial em meio a alegações de que ele surfou uma das maiores ondas já vistas em Nazare, Portugal. A onda - apelidada de "Big Mama" - foi relatada como tendo até 35 metros de altura, o que, se confirmado, iria bater o atual detentor do Livro de Recordes do Guinness, Garrett McNamara ( mais ).

Finalmente, o surfista brasileiro Rodrigo Koxa quebrou oficialmente o recorde mundial da maior onda do mundo já surfada, na praia da Nazaré em Portugal sendo reconhecida como um Recorde Mundial do Guinness ( mais ).

Lourenço Katzenstein é um desses intrépidos surfistas de ondas grandes e que se dá a casualidade de ser meu sobrinho. Há dias recebi no meu WhatsApp este vídeo do Lourenço nesta mesma Praia do Norte e que publiquei aqui no LinkedIn:
https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:6499369157602222080

De imediato se geram vários comentários em que me pedem que peça ao Lourenço que nos diga o que se passa na sua cabeça quando surfa uma onda destas características. Aqui publico o relato que recebi, surpreendente pela sua brutal honestidade.

"O surf de ondas grandes é um enorme jogo mental, grande parte do trabalho é psicológico. Outra grande parte do trabalho é o treino físico que no meu caso me ajuda bastante no psicólogico pois se me sinto bem, se me sinto em forma, quando me vejo numa situação difícil em que estou a levar com ondas gigantes e a ajuda não está perto sinto-me melhor psicologicamente quando sei que tenho treinado.

Outra coisa que também tem grande influência são as condições do dia, se estão mais ou menos desafiantes. Na onda em questão estavam condições bastante desafiantes, o mar estava grande, com muito vento e perigoso sendo que as ondas podem ser apanhadas em várias zonas da praia e esta foi apanhada na zona mais perigosamente junto a rocha, todos esses fatores entram em consideração.

Antes de apanhar a onda em questão houve um incidente bastante perigoso onde acabei por ficar a boiar sozinho também naquela zona em frente as rochas no preciso momento em que estavam a entrar as maiores ondas do dia. Tive de nadar pela vida mas felizmente conseguiram-me ir resgatar rapidamente e tudo acabou por correr bem. Mas estes acontecimentos afetam logo o psicólogico. Outro fator também muito importante para a confiança psicológica é o material e a equipa.

Em termos de equipa sei que estava bem entregue com o Zé no farol a falar com os pilotos pelo rádio (o nosso spotter) e com o Ramon a puxar-me para as ondas, um dos melhores do mundo a fazê-lo, e tinha ainda o meu parceiro habitual desta temporada, o Francisco, na segunda mota de resgate, foi ele quem me resgatou mais cedo quando tive numa situação difícil. Agora em termos de material. Sei que estava bem equipado em questões de segurança de flutuação com o melhor equipamento possível mas quando mais cedo me encontrei a boiar sozinho em frente as rochas a minha prancha acabou por se perder e foi parar a praia e fiquei sem prancha sendo que quando fui surfar fui com uma prancha emprestada e principalmente ali na Nazaré uma prancha faz TODA a diferença.

Primeira onda que tentei apanhar os footstraps da prancha não estavam ajustados para mim e o meu pé acabou por saltar mal larguei o cabo para começar a descer a onda e abortei logo. Na altura quiz desistir, achei que não estavam reunidas as condições para eu surfar nesse dia. Mas a minha equipa acreditou em mim, eu tinha passado o dia todo na mota de segundo resgate quando não estava a tentar surfar e todos diziam que eu merecia apanhar uma onda já que tinha estado o dia todo ali a "sofrer e a trabalhar" ao frio e vento etc. E eu voltei a ter motivação. Ajustei os footstraps da prancha e tentei novamente.

Chegámos então à onda em questão. Comecei a ver a onda a formar, grande a minha frente e só pensava "é agora, é desta, tu vais conseguir", quando larguei o cabo e comecei a surfar a onda ficou lisinha sem ser muito afetada pelo vento, eu sabia que tinha uma secção grande a minha frente e escolhi a minha linha para ter velocidade para completar a onda. A meio da onda vejo a ficar-me dentro da sombra e o sol uns metros a frente o que não é uma boa situação para se estar porque muitas vezes isso significa que se vai levar com a onda em cima. Aí pensei "merda, estou a ficar para trás, vou ser engolido pela onda, tenho de conseguir tenho de conseguir" e nesse preciso momento a prancha contraria o movimento que eu estava a fazer para ganhar velocidade e eu perco o equilíbrio e aí penso "merda é desta que eu estou f..., não posso cair não posso cair" e fiz tanta força como possível para me aguentar na prancha e não cair mas aí já não conseguia virar a prancha como queria, ela tinha por alguma razão tornando-se mais difícil de manobrar, comecei a ouvir a onda a rebentar atrás de mim e agachei-me para me preparar para o impacto da onda, ela não me atingiu diretamente mas por breves instantes ainda fui atingido pela água e escapei e voltei a ser novamente atingido pela água e escapei, aí vi que já tinha feito a parte toda difícil e que já estava fora do maior perigo que se caísse já não havia problema, analisei a onda e tentei ganhar velocidade para sair da onda em segurança e facilitar o resgate, coisa que consegui.

Assim que sai da onda já vinham os meus companheiros de equipa para me resgatar e mal subo para o sled (prancha de resgate presa na parte de trás do jetski) começo aos berros em festejos e sinto uma sensação de êxtase e felicidade que não e possível descrever por palavras. Voltamos para a zona de segurança e disse que a sessão estava feita que não precisava de mais nada que por mim podíamos voltar para o porto de abrigo todos sãos e salvos."

About the author

Paul Nunesdea is the English pen name of Paulo Nunes de Abreu, Facilitator, Master of Ceremonies, Author, and Publisher of the book series - Architecting Collaboration, his LinkedIn profile can be reached here, or in Spanish here, or Portuguese here


Paul is an IAF Certified Facilitator™ who designs and hosts events for clients ranging from large companies to municipalities and regional governments.


His academic background as a PhD researcher combined with +15 years of experience as a former CEO and entrepreneur has sharpened a client-serving mentality eager to co-create win-win solutions. As an NGO founder, he co-founded Digital Health Portugal and hosts the Health Regions Summit, the Health Data Forum among other initiatives.


As both a GroupMap™ and Howspace™ certified facilitator he co-founded the Digital Collaboration Academy with renowned facilitator Peter Seah united by the vision of creating and sustaining a new emerging field - Digital Facilitation - augmented by the core competencies of the IAF - International Association of Facilitators.

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